A biblioteca ou museu da Alexandria

A Biblioteca da Alexandria, também chamada Museu das Musas da Alexandria, com as suas áreas para palestras, jardins e um zoológico, foi a mais importante instituição de aprendizado de filosofia do mundo antigo. O próprio Alexandre o Grande, da Macedônia, que havia conquistado a Grécia, o Egito e uma boa parte do mundo antigo, planejou a criação da biblioteca com base nos moldes do Liceu de Aristóteles em Atenas. Alexandre havia sido aluno de Aristóteles, e durante as suas viagens de conquistas ele costumava mandar espécimes de minerais e plantas para o antigo mestre em Atenas. Alexandre morreu antes de ter completado seus trinta e tres anos de idade, possivelmente envenenado por alguém do seu próprio círculo, motivado pelo surto de fúria do Conquistador. Após alguns anos de confusão e violência, o Império de Alexandre foi dividido pelos generais macedônios que o acompanharam nas suas conquistas. Quem ficou com o Egito foi o general Ptolomeu, que era filho de Felipe com Arsinoe, uma de suas concubinas, e portanto, era meio irmão de Alexandre. Ptolomeu não só conseguiu restaurar a ordem do país mas também ganhar a afeição dos egípcios, que lhe atribuíram o título de Soter, ou ‘o Salvador’. Ptolomeu I Soter (323-283 a.C.) optou por criar uma nova capital, Alexandria, onde deu início ao projeto da sua Biblioteca, cuja completação só ocorreu em 295 a.C., no governo de Ptolomeu II Philadelphus.

Ptolomeu I concluiu a fundação da cidade de Alexandria e se esforçou para vencer as resistências dos egípcios. O seu filho Ptolomeu II continuou os esforços do pai e eventualmente ganhou a simpatia dos egípcios através do cultivo das tradições egípcias e restauração dos templos dos faraós, que haviam sido destruídos pelos persas. Ptolomeu II era instruído, valorizava as artes e as ciências, e é de sua autoria o relato mais crível sobre as campanhas de Alexandre.

Em 235 a.C. Ptolomeu III Eergetes estabeleceu uma biblioteca filial no Templo de Serapis. Todo o conjunto da biblioteca da Alexandria foi mantido pela dinastia dos Ptolomeus. Estima-se que a biblioteca tenha tido entre 500.000 e 700.000 pergaminhos e manuscritos de todas as partes do mundo incluindo a Grécia, a Pérsia a Assíria e a Índia. Estima-se que a cultura ateniense não teria sido preservada se não fosse a Biblioteca da Alexandria.

No seu apogeu Alexandria foi uma das mais importantes cidades do mundo antigo e um importante porto. Durante um certo período, a Alexandria foi também o principal centro de cultura do mundo. Alexandria foi uma cidade altamente cosmopolita, onde diversas culturas conviviam pacificamente, incluindo uma extensiva comunidade de judeus. Os estudiosos iam para lá a fim de encontrar outros estudiosos. Dentre os seus famosos pesquisadores estão Euclides, Eratóstenes e Aristarcos de Samos. Lá ocorreu ainda a mistura da herança egípcia, helênica e judaica que influenciou a nova seita cristã.

Consta da narrativa de Plutarco que a Biblioteca foi destruída acidentalmente no ano 48 a.C. por um incêndio causado por Júlio César. Segundo Plutarco, Cesar estava perseguindo Pompeu no Egito quando de repente ele foi cortado por uma armada egípcia em Alexandria. Ao ver-se em perigo em território inimigo César ordenou a seus homens que incendiassem todos os navios ancorados e o incêndio no cais invadiu a cidade e incendiou a biblioteca. Após a destruição a biblioteca do Templo de Serapis passou a ser a principal. Apesar de tudo Júlio César conseguiu ganhar o Egito para o Império Romano. Ele destituiu o último Ptolomeu, o XIII, e teve um romance com a irmã dele, Cleópatra VII, que no ano seguinte teve um filho de César. Com o apoio de César, Cleópatra VII reinou no Egito até o assassinato de César em 44 d.C.  Cleópatra VII teve também um relacionamento amoroso com Marco Antonio, que foi em campanha militar para o Egito no ano 40, ficando lá por quatro anos. Marco Antonio acabou se tornando um desafeto do novo imperador Otaviano, e no ano 30 ele se apunhalou enquanto que Cleópatra suicidou-se com a picada de uma cobra.

A outra biblioteca de Alexandria sobreviveu até o terceiro século da era atual, mas foi destruída no ano 391 durante a guerra civil que ocorreu no governo do imperador Aureliano. A destruição da biblioteca da Alexandria foi uma das piores perdas culturais da humanidade em toda a sua existência.


Revisor: Carlos Pires

Joaquina Pires-O’Brien é editora da revista PortVitoria, dedicada à comunidade mundial de falantes de português, espanhol e inglês: http://www.portvitoria.com/: www.portvitoria.com

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